Sem diagnóstico, sem solução: como o TDAH não identificado muda vidas
- Aline D'Avila
- 21 de mai.
- 3 min de leitura
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracterizado por dificuldades em manter a atenção, comportamentos impulsivos e/ou hiperatividade, o TDAH pode ter impactos significativos na vida de quem convive com ele.
No entanto, quando o transtorno não é relatado, as consequências podem ser ainda mais graves, afetando o desenvolvimento na infância e a qualidade de vida na fase adulta.
Neste artigo, exploramos, com base em estudos científicos, como o não diagnóstico de TDAH pode impactar diferentes aspectos da vida.
O que acontece com o TDAH não identificado na infância?
Crianças com TDAH não tratadas têm maior probabilidade de apresentar baixo desempenho escolar, dificuldades nas relações sociais e baixa autoestima. Sem um diagnóstico, essas crianças podem ser rotuladas como "preguiçosas" ou "problemáticas", o que intensifica sentimentos de inadequação. Além disso, a dificuldade de concentração e organização pode levar às repetições do ano escolar ou ao abandono dos estudos.
A impulsividade e a hiperatividade podem dificultar a formação de amizades. Essas crianças são vistas como “agitadas demais” ou “desrespeitosas”, o que leva ao isolamento social.
Ainda, a falta de diagnóstico aumenta o risco de ansiedade e depressão. Um artigo no Journal of Clinical Psychiatry (Biederman et al., 2006) destaca que crianças com TDAH não tratadas têm maior probabilidade de desenvolver transtornos de humor na adolescência.
Sem intervenção, esses desafios podem se acumular, criando um ciclo de frustrações que acompanha a criança até a vida adulta.
E na vida adulta? Quais são as consequências?
O TDAH não desaparece com a idade, embora os sintomas possam se manifestar de forma diferente. Adultos com TDAH podem ter dificuldades em diversas áreas, desde o mercado de trabalho até a vida pessoal.
Um estudo publicado no American Journal of Psychiatry (Kessler et al., 2006) estima que adultos com TDAH não tratados apresentam maior risco de desemprego, problemas financeiros e relacionamentos instáveis.
A desorganização, dificuldade em cumprir prazos e impulsividade podem levar a demissões frequentes ou estagnação na carreira. O mesmo estudo de Kessler et al. aponta que adultos com TDAH não divulgados têm renda média inferior em comparação com aqueles que recebem tratamento.
A impulsividade pode resultar em conflitos com parceiros, amigos ou familiares. Além disso, a dificuldade em gerenciar responsabilidades domésticas pode sobrecarregar os relacionamentos.
A falta de diagnóstico está associada a taxas mais altas de transtornos como ansiedade, depressão e abuso de substâncias. Um artigo no Lancet Psychiatry (Faraone et al., 2015) destaca que adultos com TDAH não tratados apresentam maior risco de comportamentos de risco, como dirigir perigosamente ou abuso de álcool.
Por que o diagnóstico é tão importante?
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado – que pode incluir terapia comportamental, medicamentos e ajustes no ambiente escolar ou profissional – podem transformar a trajetória de uma pessoa com TDAH.
Um estudo do Journal of Attention Disorders (Shaw et al., 2012) mostrou que crianças apresentadas e tratadas têm melhores resultados acadêmicos e menor risco de problemas de saúde mental na vida adulta.
Além disso, o diagnóstico traz validação. Para muitas pessoas, entender que suas dificuldades têm uma causa neurobiológica, e não são resultado de “falta de esforço”, é libertador. Isso permite que elas busquem estratégias para gerenciar os sintomas e vivam com mais qualidade.
Como encontrar ajuda?
Se você suspeita que seu filho pode ter TDAH, o primeiro passo é consultar um profissional de saúde, como um psiquiatra ou neuropsicólogo. O diagnóstico envolve uma avaliação detalhada, que pode incluir entrevistas, questionários e, em alguns casos, testes neuropsicológicos.
Conclusão
O TDAH não identificado pode ter consequências profundas, relacionadas à educação, aos relacionamentos e à saúde mental de crianças e adultos. No entanto, com o diagnóstico correto e o tratamento adequado, é possível minimizar esses impactos e viver uma vida plena.
Se você ou alguém que você conhece apresenta sintomas de TDAH, não hesite em procurar ajuda profissional. O primeiro passo pode mudar tudo. Agende agora mesmo uma consulta.
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