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Quais os sinais de Dislexia no adulto

  • Foto do escritor: Aline D'Avila
    Aline D'Avila
  • há 4 dias
  • 6 min de leitura

Atualizado: há 2 dias

A dislexia é um transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizado por dificuldades persistentes na leitura, escrita e compreensão de textos, mesmo quando a inteligência e as oportunidades de aprendizado são adequadas. 


Embora seja mais comum identificar o problema durante a infância, muitos casos passam despercebidos e só são diagnosticados na vida adulta, quando os impactos se tornam mais evidentes no trabalho, nos estudos e até nas relações sociais.


Reconhecer os sinais de dislexia em adultos é fundamental para quebrar preconceitos, buscar um diagnóstico adequado e adotar estratégias de apoio que melhoram a qualidade de vida. 


Afinal, entender que essas dificuldades não estão ligadas à falta de capacidade intelectual, mas sim a um funcionamento diferente do cérebro, é o primeiro passo para o acolhimento e o tratamento correto.


Como identificar sinais de dislexia em adultos?


Identificar a dislexia em adultos pode ser um desafio, já que muitos desenvolveram estratégias de compensação ao longo da vida. Porém, de acordo com o DSM-5-TR e com a CID-11, os sinais mais relevantes estão ligados a dificuldades persistentes na leitura, escrita e compreensão de textos — que impactam a vida acadêmica, profissional ou social.


Principais indícios que ajudam na identificação:


  • Leitura lenta e cansativa, mesmo em textos simples.

  • Troca de letras ou sílabas ao escrever, como confundir “p” com “q” ou inverter sílabas em palavras.

  • Dificuldade para compreender textos longos, precisando reler várias vezes para captar a mensagem.

  • Problemas de memória verbal, como esquecer nomes, informações de reuniões ou instruções lidas.

  • Ansiedade ou desconforto em situações que exigem leitura em público ou produção de textos formais.

  • Uso excessivo de revisores automáticos ou dependência de terceiros para revisar e-mails, relatórios ou mensagens.

  • Histórico escolar com queixas de dificuldade em português ou leitura, mesmo com desempenho adequado em outras matérias.


O que diferencia a dislexia de dificuldades comuns


  • É normal que qualquer pessoa cometa erros de leitura ou escrita, especialmente em situações de estresse. No entanto, na dislexia esses sinais são:

  • Persistentes (estão presentes desde a infância, mesmo que de forma mascarada);

  • Significativos (afetam a performance no estudo ou no trabalho);

  • Específicos (não se explicam por falta de inteligência, má instrução ou deficiência visual/auditiva).


Por isso, quando esses indícios são frequentes, é importante buscar uma avaliação profissional com psicólogo, neuropsicólogo ou fonoaudiólogo, que utilizarão testes padronizados de leitura, escrita e compreensão para confirmar o diagnóstico.


Quais são os 18 sintomas da dislexia?


Embora cada pessoa apresente sinais diferentes, estudos e diretrizes apontam 18 sintomas comuns da dislexia em adultos:

  1. Leitura lenta e trabalhosa, mesmo de palavras simples.

  2. Troca ou inversão de letras e sílabas (ex.: “b” por “d”, “p” por “q”).

  3. Dificuldade em soletrar corretamente palavras, mesmo as de uso frequente.

  4. Erros recorrentes de ortografia, apesar de prática constante.

  5. Necessidade de releitura para compreender textos.

  6. Problemas para resumir informações ou identificar ideias principais em um texto.

  7. Dificuldade para organizar pensamentos por escrito, resultando em textos confusos ou pouco coesos.

  8. Esquecimento de nomes, datas ou informações lidas recentemente.

  9. Ansiedade em situações que envolvem leitura em público ou exposição escrita.

  10. Dificuldade em aprender idiomas estrangeiros, especialmente na parte escrita.

  11. Dependência de corretores automáticos para revisar e-mails, relatórios e mensagens.

  12. Evitação de leituras longas, preferindo resumos, vídeos ou áudios.

  13. Problemas de concentração ao lidar com textos extensos.

  14. Dificuldade para seguir instruções escritas (ex.: manuais ou regulamentos).

  15. Erros ao copiar informações de um quadro, tela ou documento.

  16. Baixa fluência na escrita, demorando muito para elaborar relatórios ou trabalhos.

  17. Desempenho profissional abaixo do esperado, mesmo com inteligência preservada.

  18. Impacto emocional, como baixa autoestima, frustração ou sensação de “ser menos capaz”.


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Quais são os sinais e sintomas da dislexia?


A dislexia em adultos vai além de “ler devagar” ou “trocar letras”. Segundo o DSM-5-TR e a CID-11, trata-se de um transtorno persistente do neurodesenvolvimento que afeta a leitura, a escrita e a compreensão, com repercussões no desempenho acadêmico, profissional e emocional.


Para facilitar o entendimento, os sinais e sintomas podem ser divididos em três grandes grupos:


Sintomas cognitivos e acadêmicos


Relacionados diretamente às habilidades de leitura e escrita:

  • Leitura lenta e com esforço, mesmo de palavras comuns.

  • Troca de letras, sílabas ou palavras semelhantes (ex.: “p” e “q”, “formar” e “formal”).

  • Dificuldade em soletrar e escrever com correção ortográfica.

  • Necessidade de releitura constante para compreender o conteúdo.

  • Problemas para resumir ou organizar ideias por escrito.

  • Erros frequentes ao copiar textos ou seguir instruções escritas.


Sintomas no trabalho e na vida cotidiana


Manifestações práticas que impactam a rotina adulta:

  • Desempenho profissional abaixo do esperado, apesar da capacidade intelectual.

  • Demora na produção de relatórios, e-mails ou textos longos.

  • Dependência de revisores automáticos ou de terceiros para revisar a escrita.

  • Evitação de leituras longas ou de documentos técnicos.

  • Dificuldade em aprender idiomas estrangeiros, especialmente na forma escrita.


Sintomas emocionais e sociais


Consequências indiretas que afetam a autoestima e a vida social:

  • Ansiedade ao ler em público ou escrever sob pressão.

  • Baixa autoconfiança, com sensação de “ser menos capaz”.

  • Frustração constante com erros ortográficos ou atrasos em tarefas.

  • Tendência a evitar situações sociais ou profissionais que envolvam leitura e escrita.


Como é feito diagnóstico de dislexia em adultos?


O diagnóstico de dislexia em adultos não se resume a observar erros de leitura ou escrita. Ele segue critérios clínicos bem estabelecidos nos principais manuais internacionais:

  • DSM-5-TR: classifica a dislexia como Transtorno Específico de Aprendizagem com prejuízo na leitura, que deve ser persistente (duração mínima de 6 meses), impactar a vida acadêmica/profissional e não ser explicado por outros fatores (ex.: deficiência intelectual ou falta de instrução adequada).

  • CID-11: enquadra a dislexia no código 6A03.0 – Transtorno do desenvolvimento da leitura, caracterizando-a como uma dificuldade significativa e específica na aquisição de habilidades de leitura, não atribuída a problemas sensoriais ou oportunidades de aprendizagem inadequadas.


Etapas do processo diagnóstico


  1. Anamnese clínica detalhada

    • Levantamento do histórico escolar, profissional e familiar.

    • Identificação de sinais desde a infância (mesmo que mascarados por estratégias de compensação).

  2. Avaliação neuropsicológica e fonoaudiológica

    • Testes de leitura em voz alta, velocidade de decodificação e compreensão textual.

    • Exercícios de escrita e soletração para detectar trocas e inconsistências.

    • Avaliação da memória fonológica e da consciência fonêmica (habilidade de perceber e manipular sons das palavras).

  3. Critérios de exclusão

    • Confirmação de que as dificuldades não se devem a deficiência visual/auditiva, problemas neurológicos, ensino inadequado ou baixa inteligência.

  4. Testes padronizados para adultos

    • Questionários específicos, como o Adult Reading History Questionnaire (ARHQ), que investiga histórico de dificuldades de leitura.

    • Baterias de avaliação da fluência e precisão de leitura (ex.: PROLEC-SE adaptado para adultos em alguns países).

  5. Devolutiva diagnóstica

    • O profissional explica os resultados, confirma o diagnóstico e orienta estratégias de apoio e adaptações para estudo e trabalho.


Por que o diagnóstico em adultos é importante?


Muitos adultos passam a vida acreditando que “não são bons em leitura ou escrita”, quando, na verdade, enfrentam um transtorno reconhecido pela ciência. O diagnóstico correto permite:

  • Reduzir a ansiedade e a frustração ligadas às dificuldades acadêmicas/profissionais.

  • Aplicar intervenções específicas, como métodos multissensoriais e recursos tecnológicos (audiobooks, softwares de leitura).

  • Reivindicar adaptações legais, como tempo adicional em provas e concursos, previstas em legislações de acessibilidade.


Tratamentos e estratégias de apoio


A dislexia não tem cura, mas existem diversas formas de tratamento e apoio que ajudam o adulto a lidar melhor com as dificuldades de leitura, escrita e compreensão. Tanto o DSM-5-TR quanto a CID-11 ressaltam que o diagnóstico deve sempre ser acompanhado de intervenções específicas, adaptadas à realidade de cada pessoa.


Intervenções educacionais e terapêuticas


  • Treinamento multissensorial: técnicas que combinam visão, audição e movimento para facilitar a associação entre sons e letras.

  • Terapia fonoaudiológica: exercícios para melhorar consciência fonológica, fluência de leitura e escrita.

  • Apoio neuropsicológico: fortalecimento de memória, atenção e estratégias cognitivas para reduzir o impacto do transtorno.

  • Programas individualizados de leitura e escrita: adaptados à idade e às demandas profissionais do adulto.


Tecnologias assistivas


  • Softwares de leitura em voz alta (text-to-speech), que convertem texto escrito em áudio.

  • Audiobooks e podcasts como alternativa para textos longos.

  • Corretores ortográficos inteligentes e aplicativos de ditado por voz.

  • Fontes acessíveis, como a Dyslexie Font ou OpenDyslexic, que reduzem confusões visuais de letras.


Estratégias no trabalho e na vida acadêmica


  • Adaptação de provas e concursos: mais tempo para leitura e resposta, conforme previsto em legislações de acessibilidade.

  • Divisão de tarefas complexas em partes menores, evitando sobrecarga cognitiva.

  • Uso de recursos visuais (mapas mentais, diagramas, infográficos) para organizar informações.

  • Solicitar materiais em diferentes formatos (vídeo, áudio, resumo visual), quando possível.

Apoio emocional e social

  • Psicoterapia para lidar com ansiedade, baixa autoestima e frustrações ligadas à dislexia.

  • Grupos de apoio e comunidades online, que permitem troca de experiências e estratégias práticas.

  • Sensibilização no ambiente de trabalho, para reduzir estigma e promover inclusão.


Conclusão


A dislexia em adultos é um transtorno neurodesenvolvimental real e persistente, com critérios bem definidos no DSM-5 e alinhados à CID-11. Reconhecer os sintomas — especialmente os mais frequentes — e buscar avaliação neuropsicológica adequada são passos essenciais para construir uma vida plena, com suporte apropriado. 




 
 
 

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