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Cuidados com a Avaliação Neuropsicológica

  • Foto do escritor: Aline D'Avila
    Aline D'Avila
  • 13 de nov. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 16 de abr.

A avaliação neuropsicológica desempenha um papel crucial no diagnóstico de diversos transtornos, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dislexia, transtornos de ansiedade e outros.


No entanto, a precisão dessa avaliação depende da correta aplicação de testes e escalas, além do uso de instrumentos validados cientificamente e regulamentados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).


Este artigo aborda os cuidados com a Avaliação Neuropsicológica para evitar diagnósticos falso-positivos e outros erros que possam comprometer o bem-estar dos pacientes.


Testes de TDAH validados pelo conselho federal de Psicologia


O CFP estabelece rigorosos critérios para a validação de testes psicológicos e neuropsicológicos, assegurando que sejam confiáveis, válidos e aplicáveis à população brasileira.


É fundamental que o psicólogo utilize apenas instrumentos que estejam devidamente aprovados e publicados no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI). Testes como a Escala Wechsler de Inteligência para Crianças (WISC-IV) e a Bateria de Avaliação Neuropsicológica Infantil (NEPSY-II) são exemplos de ferramentas validadas e amplamente aceitas para avaliações de crianças e adolescentes.


O uso de testes não validados, ou mal-adaptados à cultura brasileira, pode resultar em diagnósticos imprecisos. Segundo Malloy-Diniz e colegas (2010), a validade ecológica dos instrumentos, ou seja, sua capacidade de refletir com precisão o comportamento real do indivíduo em seu ambiente, é essencial para que o diagnóstico reflita corretamente os déficits cognitivos ou transtornos comportamentais presentes.


O uso Incorreto de Escalas


Além da escolha de testes adequados, outro ponto crítico é o uso correto das escalas padronizadas. Escalas como o SNAP-IV e o Conners são frequentemente usadas na avaliação de transtornos como o TDAH. No entanto, sua interpretação requer cautela. O uso inadequado, sem levar em conta o contexto ou sem a integração de outros dados clínicos, pode levar a um diagnóstico excessivo ou precipitado.


Pesquisadores como Seabra e Dias (2012) reforçam que as escalas devem ser parte de uma avaliação multidimensional, na qual se considere não apenas o desempenho em testes, mas também a história clínica do paciente, observações comportamentais e dados obtidos com familiares e professores.


Uma avaliação incompleta ou baseada exclusivamente em um único tipo de instrumento pode subestimar, ou superestimar a presença de um transtorno, resultando em um diagnóstico equivocado.


Diagnósticos falso-positivos de TDAH e suas consequências


Os diagnósticos falso-positivos de TDAH podem ter consequências graves para o paciente, tanto em termos de estigma quanto em tratamentos inadequados. No contexto neuropsicológico, um falso-positivo pode ocorrer, por exemplo, quando um paciente recebe um diagnóstico de TDAH ou dislexia, sem de fato apresentar os critérios diagnósticos plenos para esses transtornos.


Isso pode levar a intervenções farmacológicas desnecessárias ou a um suporte pedagógico inadequado, que não resolve o problema real do indivíduo. Segundo Leandro Malloy-Diniz et al. (2021), a interpretação correta dos resultados deve ser realizada por um profissional experiente, que tenha conhecimento profundo sobre as características dos transtornos que está avaliando.


Além disso, é importante integrar os resultados dos testes neuropsicológicos com outros dados clínicos e ambientais, a fim de evitar erros.


Conclusão


A avaliação neuropsicológica exige cuidado, precisão e responsabilidade. O uso de testes validados pelo CFP, a interpretação correta das escalas e a consideração de fatores contextuais são essenciais para garantir diagnósticos precisos e evitar consequências negativas para os pacientes.


Seguindo os princípios defendidos cientificamente, os psicólogos podem contribuir para diagnósticos mais confiáveis e intervenções mais eficazes. A combinação de uma prática clínica sólida com o uso de ferramentas atualizadas e culturalmente adaptadas é fundamental para que o psicólogo possa oferecer um diagnóstico preciso e um plano de intervenção adequado.





Referências

  • MALLOY-DINIZ, L. F., SEDO, M., FUENTES, D., & LEITE, W. B. (2010). Neuropsicologia: Teoria e Prática. Artmed.

  • SEABRA, A. G., & DIAS, N. M. (2012). Avaliação Neuropsicológica Cognitiva: Teoria e Prática. Memnon.

  • MALLOY-DINIZ, L. F., PARENTE, M. A., & ABREU, N. (2021). Novas Perspectivas em Neuropsicologia Clínica. Artmed.

 
 
 

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