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Qual o impacto do TDAH na coordenação motora?

  • Foto do escritor: Aline D'Avila
    Aline D'Avila
  • 4 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 16 de abr.

Pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) frequentemente enfrentam dificuldades na coordenação motora fina e grossa, o que impacta significativamente no seu cotidiano. Por isso, é importante sabermos qual o impacto do TDAH na coordenação motora?


A coordenação motora fina, que envolve o controle preciso dos músculos das mãos e dos dedos, costuma ser prejudicada, dificultando tarefas como escrever, manipular objetos pequenos, abotoar roupas ou amarrar sapatos (Malloy-Diniz et al., 2018).


Já a coordenação motora grossa, responsável pelos movimentos dos grandes grupos musculares, pode ser igualmente comprometida, levando a desequilíbrios, quedas frequentes e dificuldades em atividades físicas que exigem sincronização e precisão, como esportes coletivos (Brossard-Racine et al., 2018).


Essas dificuldades motoras interferem diretamente na realização de tarefas diárias e podem impactar negativamente a autoestima, gerando frustração e, em alguns casos, levando à evitação de atividades sociais, acadêmicas e esportivas, o que pode contribuir para o isolamento social (Seabra & Dias, 2012).


Por que o TDAH interfere na coordenação motora?


As alterações motoras no TDAH têm origem neurobiológica, afetando áreas cerebrais responsáveis pelo planejamento, execução e controle dos movimentos. Estudos de neuroimagem indicam que o córtex pré-frontal, essencial para o planejamento de ações motoras, apresenta menor atividade em indivíduos com TDAH, o que compromete a capacidade de organizar e executar movimentos complexos.


Além disso, o cerebelo, fundamental para o equilíbrio e a coordenação motora, muitas vezes é menos desenvolvido, o que explica as dificuldades em atividades que requerem precisão e estabilidade. Por fim, disfunções nos gânglios da base, que controlam movimentos automáticos, também contribuem para a falta de fluidez motora em tarefas cotidianas (Langevin et al., 2017; Brossard-Racine et al., 2018).


Outro aspecto relevante é o déficit na integração sensorial, processo que envolve a capacidade de interpretar e integrar informações sensoriais (visuais, táteis e proprioceptivas) para gerar respostas motoras adequadas.


Em indivíduos com TDAH, essa integração é frequentemente prejudicada, resultando em movimentos descoordenados e menos fluidos, o que impacta diretamente a execução de tarefas motoras no dia a dia (Seabra & Dias, 2012).


Essas alterações cerebrais não apenas explicam as dificuldades motoras enfrentadas por indivíduos com TDAH, mas também reforçam a importância de intervenções precoces para minimizar os impactos na qualidade de vida desses pacientes.


E o que fazer em caso de impacto do TDAH na coordenação motora?


Diversas estratégias podem ser adotadas para minimizar esses efeitos e promover uma melhor qualidade de vida. A terapia ocupacional, por exemplo, tem se mostrado uma intervenção eficaz no desenvolvimento de habilidades motoras, utilizando atividades específicas que estimulam tanto a coordenação motora fina quanto a grossa.


Esse tipo de terapia busca aprimorar o controle motor necessário para realizar tarefas do cotidiano, como escrever, manipular objetos pequenos e executar movimentos precisos (Seabra & Dias, 2012).


Além disso, a prática de atividades físicas estruturadas pode ser uma ferramenta valiosa. Esportes individuais, como natação e artes marciais, são frequentemente recomendados para crianças e adultos com TDAH, pois permitem o desenvolvimento da coordenação motora sem a pressão social e a demanda por sincronização típica dos esportes coletivos.


Essas atividades proporcionam um ambiente mais controlado, favorecendo o aprimoramento motor e a autoconfiança (Langevin et al., 2017). Adaptações no ambiente escolar e de trabalho também podem contribuir significativamente para o desempenho acadêmico e profissional.


A substituição da escrita manual pelo uso de um teclado, por exemplo, pode facilitar a execução de tarefas que exigem precisão e velocidade, reduzindo a frustração associada às dificuldades motoras (Malloy-Diniz et al., 2018).


Outras adaptações, como ajustes na ergonomia do ambiente e o uso de ferramentas assistivas, podem promover maior independência e eficiência. Por fim, a intervenção neuropsicológica desempenha um papel crucial no aprimoramento do planejamento motor e da integração sensorial, ambos frequentemente prejudicados em indivíduos com TDAH.


Essa abordagem visa otimizar o funcionamento cognitivo relacionado ao controle motor, contribuindo para uma melhor coordenação e fluidez nos movimentos (Brossard-Racine et al., 2018). Combinadas, essas estratégias podem ajudar a reduzir os impactos das dificuldades motoras, promovendo uma vida mais funcional e equilibrada.





Referências Bibliográficas


  • American Psychiatric Association. (2022). DSM-5-TR: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5ª ed., texto revisado). Artmed.

  • Brossard-Racine, M., et al. (2018). "Alterations in Cerebellar Development in Children with ADHD: A Neuroimaging Study." Cerebellum, 17(1), 55-65.

  • Langevin, L. M., et al. (2017). "Functional Connectivity of the Prefrontal Cortex in ADHD: A Systematic Review." Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 80, 411-427.

  • Malloy-Diniz, L. F., Sedo, M., Fuentes, D., & Leite, W. B. (2018). Neuropsicologia: Teoria e Prática. Artmed.

  • Seabra, A. G., & Dias, N. M. (2012). Avaliação Neuropsicológica Cognitiva: Processos e Instrumentos. Memnon.


 
 
 

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